"Congresso juntará em Barcelos, nos dias 6 e 7 de novembro, especialistas portugueses e internacionais, incluindo a presidente da Federação Mundial para a Saúde Mental, para falar sobre a saúde mental no mundo mas sobretudo em Portugal, “que continua atrasado em comparação com outros países”, explica ao Expresso Miguel Durães, presidente da associação Recovery, que está a organizar a iniciativa Isto é um contributo para a saúde mental”, afirma desde logo Miguel Durães, referindo-se ao congresso internacional que a associação a que preside, a Recovery, que presta cuidados nesta área, está a organizar. O evento realiza-se nos dias 6 e 7 de novembro em Barcelos e contará com a presença, entre outros convidados, da presidente da Federação Mundial para a Saúde Mental, Ingrid Daniels, e Marianne Farkas, professora na Faculdade de Ciências da Saúde e Reabilitação da Universidade de Boston e diretora do Centro de Reabilitação Psiquiátrica dos EUA, descrito pelo presidente como “um dos centros mais avançados do mundo inteiro” na área da saúde mental. E delas se esperam bons conselhos. “O atual Governo deu passos importantes no sentido de finalmente avançar com a implementação do Plano Nacional de Saúde Mental”, aprovado em 2008 e interrompido com a chegada da troika, “mas é preciso mais orçamento para implementar a reforma necessária na saúde mental”, defende Miguel Durães, sublinhando que, “em comparação com outros países, Portugal está atrasado”. E isso reflete-se nos números. “Somos o segundo país da Europa com maior prevalência de doenças mentais e os gastos com a saúde mental já excedem 4% do Produto Interno Bruto. Além disso, são perdidos mais de um milhão de dias úteis de produtividade por ano.” Dois dias para falar sobre cuidados continuados, importância das famílias e o futuro da saúde mental (tecnologia incluída) Sobre a saúde mental dos portugueses e a necessidade de finalmente implementar o plano irá falar, durante o congresso em Barcelos, Miguel Xavier, médico psiquiatra e diretor do Programa de Saúde Prioritário na área da Saúde Mental da Direção-Geral de Saúde. Miia Männikkö, presidente da Federação Europeia de Associações de Famílias de Pessoas com Doenças Mentais (EUFAMI), debruçar-se-á sobre o papel e a importâncias das famílias na saúde mental, e o mesmo irá fazer Joaquina Castelão, presidente da FamiliarMente (Federação Portuguesa das Associações das Famílias de Pessoas Com Experiência de Doença Mental), embora de uma perspetiva portuguesa e focando-se no estatuto do cuidador informal, para quem “continua a não haver respostas”. Ingrid Daniels, a presidente da Federação Mundial para a Saúde Mental, irá falar sobre suicídio — a prevenção do suicídio foi, aliás, o tema deste ano do Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado a 10 de outubro — e Marianne Farkas sobre o “recovery”, ou recuperação, que “emergiu como o novo paradigma na saúde mental no mundo inteiro”, explica Miguel Durães. “Durante muitos séculos, as pessoas com doença mental viram ser-lhes sonegados direitos e liberdades básicas, como o direito a tomar decisões sobre o seu património, mas isso entretanto mudou. Há agora a crença de que qualquer pessoa, mesmo tendo passado por uma experiência muito grave, pode voltar a ser útil, controlar novamente a sua vida e tomar decisões”. De acordo com o modelo atual, diz ainda o presidente, “quanto mais cedo se atuar, maior é a probabilidade de recuperação, reabilitação e reinserção na sociedade”. Os cuidados continuados integrados na área da saúde mental, a responsabilidade social e a importância da tecnologia são outros dos temas a abordar durante o congresso, que contará, além disso, com a presença da Ministra da Saúde, Marta Temido." FONTE:https://expresso.pt/sociedade/2019-12-05-Associacao-de-Barcelos-organiza-congresso-internacional-como-contributo-para-a-saude-mental